sábado, 27 de março de 2010

Sem paciência...




















Estou sem paciência para escrever. Na verdade, estou sem paciência para tudo. Deixo um poema, feito à pressa e sem titulo...



Andava por todo o lado
A ver tudo e a tudo ver
Por vulgaridades era fascinado
Na esperança de algo escrever

Deixei de escrever um dia
Pois não tinha inspiração
Escrever em vão
E sem vontade
A ninguém aquece o coração
Mais vale tomar a liberdade
De não o fazer

Esperei…
Mas o tempo não espera
O Tempo passa
Corre depressa
Ele com calma,
Nós com pressa

Mas para que tudo aconteça
É preciso tempo

Ele oculta palavras
Mas não as esquece
Guarda-as com o vento
Para o melhor momento
E na hora exacta,
Espalha-as então

Estou à espera
Que o vento me dite as palavras
Que o tempo disse com paciência
Elas no momento certo aparecerão
Para já, não há inspiração

quinta-feira, 18 de março de 2010

Revolta



















A revolta crava as suas garras fortes e afiadas no meu peito e faz-me sangrar. Sangro gotas invisíveis de orgulho que me enfraquecem e me vão matando, lentamente. Amarra-me as mãos com pesadas correntes e impede-me de criar. Coze-me a boca e impede-me de me exprimir. Dificulta, com estes actos, o pensamento. Não consigo mostrar aquilo de que sou capaz, com o essencial atacado. Começo a irritar-me e dessa fúria imensa nasce o fogo. Um fogo que arde e se expande de uma forma incontrolável, queimando a racionalidade. A chama descose-me a boca e faz-me querer ser um desbocado para dizer tudo o que me apetecer. E o coração vai perdendo sangue…Quero ser insensível e um poço seco em pensamentos. Quanto mais penso, mais me preocupo e mais escrevo. Não quero perder tempo a admirar a literatura. São apenas letras. Desejo que a arte não me diga nada e não quero perder tempo a amar qualquer pintura. São apenas traços. Não quero amar nada para não sofrer. E o coração vai perdendo sangue…Não quero ter talentos nem paixões para não ter ilusões, receios nem indecisões. E o coração vai perdendo sangue… O fogo vai-se espalhando cada vez mais violentamente e as faúlhas da minha própria raiva vão-me impedindo a visão. Vou queimando, superficialmente, as arvores que me rodeiam. E o coração vai perdendo sangue…Quero receber insultos e criticas constantes. Quero fazer tudo mal e viver solitário. Não quero ter olhos para admirar nada, não quero ter boca para me exprimir, não quero ter ouvidos para os outros ouvir, não quero ter mãos para criar nem coração para sentir. Quero “viver” como muitos vivem. Apenas respirando ar. Seguindo os seus corpos e aceitando os seus pensamentos e opiniões, sem discórdia nem oposição. Quero-me tornar num ser que não pensa e que não sente, que não vive. Quero escrever textos sem interesse como este. Quero-me tornar nesse ser até que o meu coração quase pare de bater para que queira ser novamente eu.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Só uma frase...

Hoje, só escrevi uma frase... Essa única que escrevi (para além desta) foi:




Quando dentro de ti já tudo estiver queimado e morto, sopra as cinzas e renasce.

sábado, 13 de março de 2010

Gritos de silêncio
























Grito de desespero. Rujo bem alto até ficar sem voz. Grito em silêncio. Num silêncio profundo que produz tamanho ruído que chega a furar o céu com os relâmpagos violentos que me dão dores de cabeça. É ai que se encontra o desespero do grito. O estrondo que vive na mente e que é um silêncio externo. O berro que só eu ouço porque só eu grito. Procuro desesperado por soluções, contentamentos, lados positivos do que é negativo. Olho freneticamente para todos os pormenores e ignoro as coisas grandes que mais estão à vista e que eu não vejo ou não quero ver. Esqueço as pessoas que me rodeiam e ando no carrossel do pensamento que dá voltas e voltas e percorre sempre o mesmo percurso, enjoando-me. Para isso existe a escrita. Para que os gritos se ouçam no papel, para que a mágoa fique no papel, para que as soluções comecem a florir no papel e para que as lágrimas salgadas formem as ondas agitadas do mar no papel. Para que tudo se liberte do pensamento e se prenda no papel. Quando esse tudo estiver cativo, o tempo acabará por consumir as palavras e a mente esquecerá a dor. Lentamente, a nuvem que turva e obscurece os olhos vai desaparecendo e a luz do olhar começa a nascer por entre a alma curada.
Fiquei sem voz. Gritei o que tinha a gritar, escrevi o que tinha a escrever e semeei a solução que floresceu. Só se ouvem agora as gaivotas agitadas, tentando voar mais alto no céu calmo e sem nuvens. As ondas do mar acariciam a areia e o sal da água torna-se lentamente mais doce. Já não há apenas um carrossel que me enjoa mas um parque repleto de diversões a explorar. Começo a ouvir os ruídos do exterior. São os gritos comuns que todos ouvem para lá dos céus...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sou cego e surdo














Sentado, a observar esta rua vulgar, vejo os rostos que por aqui vão passando. Alguns acompanhados, outros solitários, mas em cada um, uma personalidade. As suas expressões manhosas reflectem os pensamentos sujos que nas suas mentes vagueiam. Tento não ver o carnaval que desfila na rua. Mas, neste sítio, só vejo mascaras. Mascaras discretas e sem cor. Leio o jornal e vejo o espelho das suas palavras, neste sítio. Ouço sussurros deste e daquele. Relatos de crimes (não sei se reais), chegam-me também aos ouvidos. Tento ignorar tudo, mas não consigo. Não vejo sorrisos sinceros nem olhares verdadeiros e não ouço palavras humildes de ninguém…Odeio esta Terra! No entanto, não irei regressar aquela que mais me fez chorar. Não quero viver nesse lugar repleto de recordações. Estou aqui apenas há duas semanas. Mesmo assim, apercebo-me de toda a maldade que me rodeia… Provavelmente sou cego e surdo e estou a imaginar o que não vejo nem ouço realmente.



quarta-feira, 10 de março de 2010

Um jogo...talvez


Não gosto de terminar um jogo. Não gosto nem de ganhar nem de perder, só, simplesmente, de jogar. Avançar casas, recuar casas, ganhar bónus e, por vezes, voltar ao inicio. Tudo isto são apenas regras que o jogo exige para o tornar mais difícil. Este, é interessante se os outros jogadores seguirem essas regras na nossa companhia. Por vezes temos de os passar à frente umas quantas casas, mas o jogo é mesmo assim… O jogo diverte-nos e enerva-nos.

A vida é um jogo. Não gosto de ganhar nem de perder, só, simplesmente, de o jogar.



sábado, 6 de março de 2010

Vou-me embora
















Vou-me embora. Vou partir e nunca mais voltar a este terrível lugar onde me fizeste sorrir, onde me fizeste sonhar, onde me ensinaste a rimar. Sorrir, sonhar, rimar…Para que serviu tudo isso se depois me fizeste chorar, ter pesadelos e com tudo o que era palavra desatinar?! Esperei por ti, anos e anos sem conta, na esperança de te ver chegar. Não apareceste, nem como eu sofreste, na expectativa de um sinal. Nenhuma carta, nenhum aviso, nenhuma satisfação. Deixaste desesperado o meu pobre coração. Se me tivesses explicado, talvez tivesse compreendido e, menos maltratado, pouco tinha padecido. Achaste que preferia viver desamparado e sacrificado pela especulação, do que aguentar e seguir a vida com uma explicação? Se pensaste, enganaste-te. Nem deves ter pensado. Se calhar, a razão era tão forte que não podias pensar… Mas podias-me contar… Fizemos um pacto, lembras-te? Eu sou fraco por não te ter esquecido mas tu és ainda mais por teres medo de me ver sofrer. O erro, não o foste tu a cometer. Culpo-te porque não tenho a tua força. Culpo-me porque te amo. Estou farto de rimar! Não o devia fazer quando estou a sofrer. Só se deve usar este objecto que enfeita as palavras quando se está feliz. A raiva, a dor e a revolta são senhoras cruéis! Não merecem enfeites para a sua decoração. Talvez se forem mal tratadas, desapareçam de vez deste mundo. Mas duvido… Se não houvesse tristeza, não reconheceríamos a felicidade.
Como faz o ser humano, graças ao tempo, lá te fui esquecendo… De malas feitas e decidido, pronto para partir, para desistir… Tu regressas! Agora já não interessas. Não quero ouvir as tuas explicações, tiveste tempo para mas dar, tantas vezes te tentei contactar… Agora, fica tu sozinha na amargura desse maldito lugar à espera que eu volte! Sobre mim só vais ouvir sussurros inventados por velhas coscuvilheiras. Segue o teu caminho que eu seguirei o meu. Talvez os nossos trilhos se cruzem, mas por agora, não quero pensar nestes anos perdidos em que deixei de viver.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Não acredito no acaso














[Peço desculpa pelo texto não estar lá muito bem... Não tinha grande coisa para postar...Critiquem!!! ]


Nada acontece por acaso. Tudo está minimamente destinado. Creio que o destino de cada um está marcado, superficialmente. Quando nascemos, temos um leve traço a lápis marcado no nosso futuro. À medida que os anos vão passando, vamos tomando decisões, vamos cometendo erros, vamos conquistando coisas e também somos derrotados. Podemos seguir o traço que nos está destinado (marcado pelos nossos antepassados) ou então podemos fugir dele e traçar o nosso. É quase impossível traçar uma linha perfeita porque somos humanos. Normalmente, quem tenta fazê-la assim acaba por conseguir uma linha tracejada, incompleta. O importante é traçá-la independentemente dos materiais que possuímos. Com maior ou pior dificuldade devemos fazê-la bem.

Todas as linhas são constituídas por pontos. Cada ponto é importante para o nosso destino, mesmo que pareça pequeno. As grandes coisas são sempre compostas por outras mais pequenas.
[Podemos vaguear pelo destino se for esse o nosso desejo, afinal de contas, o destino é nada, não está bem definido. Há gente que não se preocupa em fazer uma linha recta, mas em desenhá-la da maneira como se sente e como lhe convém. Assim são os aventureiros…Ou os irracionais.]

As linhas do destino das pessoas cruzam-se obrigatoriamente com outras, senão a vida seria fácil e também infeliz. Portanto, acontece o que tem de acontecer. Temos todos reacções distintas porque cada pessoa é diferente da outra. Até os acontecimentos mais ridículos têm um objectivo no nosso destino e a nossa função é interpretá-los. Devemos tentar arranjar soluções porque elas servem para remendar traços mal feitos.

O destino não é obra do acaso nem arte de adivinhos e bruxos. O destino vai acontecendo e somos nós que o vamos formando com os traços que marcamos no passado, as nossas acções, decisões, escolhas. No passado está o tudo que define o nada do destino. Devemos sonhar e imaginar as nossas linhas mas com cabeça, com pouca loucura. A maior virtude ou sonho do Homem, por vezes é o que lhe estraga o belo desenho do destino­.Tens muitas portas para escolher, janelas para abrir, traços para fazer. A receita é: duas gota de loucura, uma de juízo.