sábado, 13 de março de 2010

Gritos de silêncio
























Grito de desespero. Rujo bem alto até ficar sem voz. Grito em silêncio. Num silêncio profundo que produz tamanho ruído que chega a furar o céu com os relâmpagos violentos que me dão dores de cabeça. É ai que se encontra o desespero do grito. O estrondo que vive na mente e que é um silêncio externo. O berro que só eu ouço porque só eu grito. Procuro desesperado por soluções, contentamentos, lados positivos do que é negativo. Olho freneticamente para todos os pormenores e ignoro as coisas grandes que mais estão à vista e que eu não vejo ou não quero ver. Esqueço as pessoas que me rodeiam e ando no carrossel do pensamento que dá voltas e voltas e percorre sempre o mesmo percurso, enjoando-me. Para isso existe a escrita. Para que os gritos se ouçam no papel, para que a mágoa fique no papel, para que as soluções comecem a florir no papel e para que as lágrimas salgadas formem as ondas agitadas do mar no papel. Para que tudo se liberte do pensamento e se prenda no papel. Quando esse tudo estiver cativo, o tempo acabará por consumir as palavras e a mente esquecerá a dor. Lentamente, a nuvem que turva e obscurece os olhos vai desaparecendo e a luz do olhar começa a nascer por entre a alma curada.
Fiquei sem voz. Gritei o que tinha a gritar, escrevi o que tinha a escrever e semeei a solução que floresceu. Só se ouvem agora as gaivotas agitadas, tentando voar mais alto no céu calmo e sem nuvens. As ondas do mar acariciam a areia e o sal da água torna-se lentamente mais doce. Já não há apenas um carrossel que me enjoa mas um parque repleto de diversões a explorar. Começo a ouvir os ruídos do exterior. São os gritos comuns que todos ouvem para lá dos céus...

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