quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Por falar em ler...















Penso que gostava de escrever…Ou talvez não…Não me lembro se gostava ou não de o fazer nem porque o fazia (a memória é traiçoeira e difama a verdade). Gostando ou não, escrevendo bem ou mal, eu escrevia! Escrevia e não lia. Achava que era melhor viver o meu sonho do que o dos outros. E assim, melhor era criar e viver a minha história do que viver a já criada e vivida por muita gente.
Desde pequeno que só guardo para mim o que escrevo e, sendo assim, sonhador e despistado, as minhas folhas perdiam-se, as letras dissolviam-se e acabavam por desaparecer da minha memória.
Hoje, escrevo para voar, para viajar, para esquecer ou simplesmente por prazer.
Agora guardo o que escrevo na esperança de um dia poder recordar a minha vida de uma forma directa ou indirecta. A folha, miserável, guarda todas as palavras e esconde-as até que eu queira ler o passado. Ele decide o presente. Como tal, deve e merece ser lembrado. Uma fotografia também serve para recordar momentos. Mas, na fotografia, o que não está lá impresso é impossivel ver-se e na escrita está lá presente e escondida apesar de nem sempre ser descoberta.
Sei que o meu pensamento de não ler estava errado. Descobri isso há já muitos anos. Infelizmente, o tempo com o passar dos anos corre mais depressa e parece mais curto. Temos pouco tempo para o que queremos fazer e começamos a sentir saudades de certas coisas. Ler é uma delas. Eu tinha uma vontade imensa de voltar a sonhar ( o sonho dos outros ). Hoje, tive a oportunidade de fazê-lo novamente e estou satisfeito!


Portanto, vou ler...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Aquela noite














[Um excerto de uma história minha... Sei que está desastroso mas não tinha nada para postar...]

(...)

Chovia naquela noite. As gotas escorriam suavemente pela janela como as lágrimas pela minha face. Não costumo chorar desta maneira, apenas grito com o coração. Não sabia porque chorava. Nem sabia sequer se eram lágrimas de alegria ou de tristeza. O que é certo e sabido é que naquele momento eu não estava minimamente interessado nem na chuva nem nas lágrimas. Estava sentado à espera que ela aparecesse. Observava-a todos os dias. Todas as noites ela vinha para o seu jardim sobre o qual eu tinha vista privilegiada. Ela pintava telas, desenhava, lia, ouvia música, dançava e falava para as árvores. Não se podia considerar normal perante o padrão a que estava habituado, mas era uma das características que me atraia; aquela indiferença que tinha para com o mundo... Na verdade, não conhecia muitas. Limitava-me a cumprimentá-la quando ela também o fazia e mesmo essa simples tarefa começara a tornar-se difícil. A sua voz forte, ligeiramente baixa, mas meiga, minimizava-me e reduzia-me a pó. Sentia-me fraco mas com um coração poderoso, porém não totalmente preenchido. Frequentemente, nem lhe conseguia responder. O coração tirava-me a fala.


A sua beleza fascinava-me. O cabelo era ruivo, encaracolado, cor de fogo, e os lábios finos e delicados. Aqueles olhos verdes, escuros (por vezes castanhos amarelados, consoante a luz), grandes e misteriosos petrificavam-me. Perdia-me tão completamente naqueles olhos como uma formiga num prado. Sentia-me pequeníssimo perante eles. Tentava decifrá-los, mas duvido que o conseguisse porque sempre via calma e nunca um único sinal de raiva ou tristeza.


Esperei mais algum tempo mas ela continuou sem aparecer. O meu desejo em vê-la era tão grande que tapou a minha lógica e ignorei completamente a chuva. No jardim dela só via seis gatos dos treze que ela possui. Todos os gatos da rua devem ser dela.


Fiquei a admirar as suas pelugens molhadas e a elegância do seu andar até que ela apareceu. Aproximei a cabeça rapidamente da janela que estava terrivelmente gelada. Ela veio de gabardine vermelha. Fiquei suspreendido porque ele vestia-se sempre de preto ou de branco. No branco mostrava a sua paz perante o mundo e no preto escondia todas as suas cores como eu ocultava no papel os meus sentimentos por ela.
Sentou-se na relva, apesar de ter um banco ao lado. Já devia estar habituado a este tipo de acções da parte dela, porém, surpreendia-me sempre com as suas acções imprevisiveis. Para minha grande desilusão, fechou os olhos que eu almejava contemplar. Concentrei-me nos seus lábios perfeitos. Imaginava o dia em que eles tocassem nos meus numa noite em que a lua nos iluminasse e mostrasse uma beleza superior. Assim a costumo desenhar com palavras, abraçada a mim. A escrita leva-me a ilusões que me fazem sofrer e que ao mesmo tempo me dão força e esperança. Só queria poder ler os seus pensamentos, atravessar a sua alma e conseguir dizer-lhe o que realmente sinto. O pensamento fala por mim e não dá vez ao coração. Passo assim todos os dias… Sofro porque amo. Sofro por vê-la e não lhe poder tocar nem falar. Sofro mais quando não a posso ver porque tenho de a imaginar e com esses fantásticos pensamentos, desconcentro-me em tudo o que faço. Ou no que acabo por não fazer...


Passou algum tempo e ela entrou para dentro de casa com um ar um pouco sério. A sua meditação (ou o que quer que fosse que ela estivesse a fazer) deveria ter sido em vão. No entanto, continuava com o olhar sereno.
Eram quase onze horas e estava lua cheia. Só se conseguia ver a sua luz. A beleza da lua era escondida pelas nuvens cinzentas que a sobrepunham. Finalmente percebi o que não devia perceber porque não tem explicação. Apetecia-me andar de bicicleta e ia fazê-lo. Foi um desejo repentino e quis concretizá-lo. A noite era fantástica, mesmo chuvosa e sombria.


Peguei na minha velha bicicleta cheia de teias de aranha e ferrugem e saí à rua. As poças de água reflectiam as luzes da vila e o musgo entre os paralelos brilhava. Ia começar a andar quando a vi. Trazia sacos do lixo nas mãos e pousou-os no passeio. Ficou algum tempo parada a olhar para a lua. Silenciosamente fui ter com ela. Sem olhar para mim cumprimentou-me e eu retribui-lhe a saudação. Dirigi-me a ela, desta vez sem qualquer indecisão. Involuntariamente agarrei-lhe o braço esquerdo e fitei-a. Os seus olhos brilhavam mais que a lua. Não teve grande reacção mas olhou-me fixamente. Sentia que ela conseguia ler-me mas eu continuava com duvidas acerca do seu olhar. Não pronunciámos nenhuma palavra mas aquele momento de silêncio, para mim, disse mais que mil palavras.

(...)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sou imortal




















Na votação do "Qual o próximo tema de escrita?" a opção que ganhou foi "Imortalidade". Decidi escrever um poema como sendo eu imortal. Espero que gostem...


Cansado estou
Desta repetição constante
Tão desinteressante
Que é a minha vida…

Vida!
Se é que assim se pode chamar
A esta monotonia
Sem melodia
Que me faz querer sonhar
Num sonho eterno
Frio e escuro
Que é a morte

Caio na solidão,
Vezes e vezes sem conta
Os meus amigos envelhecem
E os meus olhos humedecem
De os ver desaparecer
Abandonando o meu ser

Já não tenho sensações
Nem emoções
São tudo réplicas do passado
Que deixam vacilado,
O meu pobre coração

Sumiram os aromas
Os sabores
E os sons
Para mim já é tudo igual
Quer seja cópia ou original

Está indistinto
No que eu sinto
Se ler ou escrever
Serão para mim um prazer
Ou se o faço for fazer

Já nem os problemas
Para mim o são
Para todos eles
Já tenho solução

Para o céu ou para o inferno
Vá para onde for
Não me importo…
Quero me é livrar
Do fardo eterno
Que tenho de carregar
Esperando que a morte me leve
Tendo esta esperança excessiva
De abandonar a vida

E ainda pedem os mortais
Para imortais serem
Se a vida eterna apenas serve
Para sofrerem?!


domingo, 14 de fevereiro de 2010

Com preguiça




















Olá!

Hoje estou demasiado contente para publicar algo com sentido. Não me apeteceu escrever hoje, estou com uma preguiça enorme. Decidi, então, postar um poema de Fernando Pessoa.



Liberdade

"Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca..."

Fernando Pessoa

Vou aproveitar o meu dia de preguiça...
Até ao próximo post!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Escrita




















A folha assusta-me…E saber que a tenho de preencher assombra-me ainda mais. Ela goza comigo por eu não ter que escrever e não a conseguir vencer, mas eu não desisto. Começo a arranjar uma estratégia e crio palavras. As palavras nascem incolores e puras. As vezes vão escorrendo e saltando por rochas e vão levando impurezas que a turvam e assim vão formando a história. Depois nasce a personagem que, regada pelas palavras, se torna forte e em conjunto comigo tenta vencer a folha branca. A personagem raramente tem rosto e corpo definido, mas eu conheço-a melhor do que ninguém, até mesmo melhor que ela própria. E eu sugiro-lhe ideias que o vento, que não sei de onde vem, me sussurra ao ouvido e ela não diz nada ou concorda com tudo, o que é exactamente a mesma coisa porque eu não chego a um consenso. Até que, a personagem, desesperada e enervada com a constante folha branca se revela e assume o controlo. A sua máscara sem rosto e o seu manto sem corpo definido eram disfarces. Tudo agora se torna claro e é ela que me controla e não eu a ela. Não passo de uma marioneta que não se importa de ser controlada porque isso está a vencer a folha. E trabalhando com a personagem, junto-me com ela e as vezes nem parecemos existir os dois mas apenas um. Sinto-me na pele da personagem, vejo o que ela vê e às vezes chego mesmo a sentir o que ela sente e já não preciso de fingir. Não consigo criar e ter o poder absoluto na personagem, ela tem muito mais força e vontade que eu. E assim o imprevisível acontece. Depois acaba a história. E a personagem, com pena, despede-se de mim e eu sou obrigado a abandoná-la. Ela confortável instala-se na folha branca que foi derrotada por nós. Mais tarde, ao reler a história, voltarei a unir-me à personagem e vamos vencer novamente, como está escrito. Mas agora, outras folhas brancas me esperam e eu tenho de ganhar coragem para as combater.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A paixão do livro...














Um livro não se devora, aprecia-se…
Letra a letra, palavra a palavra, frase a frase, parágrafo a parágrafo, página a página… o cheiro da historia vai-nos chamando devagar para o livro. E vai-se apreciando e saboreando, cada momento que o livro nos proporciona. E o tempo vai passando… E aprecia-se cada vez mais… e mais… e mais… E gostamos… É doce, é amargo, é frio, é quente, é cheio de sabor e causa sensações!
Passa mais tempo, bem passado…E o que apenas apreciávamos agora é vício, é uma droga e é algo tão indispensável como a água. E agora as letras, as palavras e as frases dançam à nossa volta e seduzem-nos.
Pelo livro, nos apaixonamos… E então, quebra-se o tempo e ele não vai passando, vai voando! Já não apreciamos o livro, já não o amamos, agora devoramo-lo!
E queremos mais, mais, mais, mais história! E devoramos, devoramos e devoramos!

Até que… O tempo passou… A historia acabou… O sabor contínua em nós e queremos mais!

Idade Ladra
















[Recebi comentários de alguns amigos que dizem que a minha idade parece outra no blog. Ora bem! Decidi escrever um poema sobre a idade...]

Ai a idade!
Que tudo rouba
Leva a criatividade
A inocência e os sonhos…

Que doce que é a inocência…
Ver sempre o bem onde há mal
Viver a brincar e a aprender
O que no mundo tem para se ver
E fazer chapéus de jornal…

O tempo é infinito
Ou nem sequer existe…
Volta atrás, avança para a frente
E fazemos viagens saindo do Presente
Mantendo-nos no mesmo lugar
Sempre a imaginar…

E construímos coisas…
Que os grandes não constroem
E recolhemos coisas
Que os grandes não recolhem
E vemos coisas
Que os grandes não vêm
E temos sonhos
Que os grandes não têm
E somos pequenos e “mais grandes” que os grandes
Mas quereremos crescer…

E depois de crescidos
vemos que…

A energia morreu
A vontade de viver diminuiu
O fruto da ambição apodreceu
O sonho já não existe
O jornal apenas se lê
O tempo é controlado
Vive-se o presente
Pensando no futuro melhorado
E quer-se ser pequeno outra vez ...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Falando do Medo














Se nunca sentiste medo não és corajoso, és louco! O medo não é um acto de cobardia mas sim uma atitude racional. É um martelo que nos faz estremecer de adrenalina, um alerta do cérebro que tem receio que o corpo ou a alma se magoem. Sem o medo, muitas das Coisas materiais ou psicológicas que o Homem conquista não teria pois não as desejaria se fossem fáceis e sem risco. O medo faz de pequenas e duvidosas circunstâncias, certezas que nos aterrorizam e nos impedem de agir. Portanto, doseia o teu receio com a tua esperança e com o teu pensamento e depois age, ou não faças absolutamente nada… Os maiores gestos de coragem, muitas vezes são aqueles que parecem cobardes...

Quando somos realmente corajosos aceitamos a palavra “cobarde” e mostramos com inteligência a nossa verdadeira coragem no momento certo.


( Desculpem não ter desenvolvido mais )

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Maus dias



















Há dias que são simplesmente maus. Pode estar um sol radiante lá fora mas por dentro estamos a trovejar. Acordamos e o dia parece-nos cinzento. Tentamos ouvir as pessoas mas não conseguimos prestar atenção ao que dizem e só temos vontade de as deixar a falar sozinhas. Escrevemos e falamos com frases curtas e directas. Apetece-nos faltar a todos os compromissos e responsabilidades e o dia parece ter 48 horas. Passa tão devagar, tão devagar, tão devagar… Para piorar mais a situação, recebemos de bónus uma má noticia… Só nos apetece mesmo fazer uma cova no chão e enterrarmo-nos. É assim que me sinto hoje. Desculpem as “frases curtas e directas”, não estou com paciência.

Fui!!!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Segredo de Injustiça
















Injustiça… Este veneno que vai matando lentamente a alma e que faz sofrer o coração. Estas garras que o apertam e o espremem, como um limão, fazendo escorrer lágrimas amargas de tristeza. Em cada lágrima derramada, os mil reflexos irradiam a dor sofrida.
Entre muita gente, a injustiça aponta-nos o dedo de olhos vendados. Ela obriga-nos a remar contra a maré exaustivamente até encontrar a justiça que por todos ela é cobiçada. No mar imenso, depois de o nosso barco se desgastar, de usarmos todas as nossas forças para nadar e quando não conseguimos nunca o que queremos encontrar, vemos uma coisa que sempre esteve connosco, uma indefesa concha que agora tem uma pérola chamada conclusão. Essa diz que a injustiça não é assim tão injusta porque apesar de nos fazer sofrer, fez-nos pensar, fez-nos lutar, fez-nos acreditar, fez-nos crescer!

A injustiça serve para nos pôr à prova...

Poesia resumida






Com a poesia, diz-se com uma palavra, outras mil.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sonha!!!















Contraria os que te dizem para parares de sonhar, para parares de voar, para voltares à terra. Sonha! Sem sonho não há ambição, não há crescimento, não há conquista. Não hesites nas tuas decisões, pensa no que queres e não no que os outros querem. Ou melhor, não penses, pára de pensar e age. Sê louco e irracional, sê ser humano e vive! Erra para cresceres mas enquanto cresces, sonha. Envelhece mas mantêm-te criança. Abre as asas, voa cada vez mais alto e sem medo de cair. Se caíres, levanta-te e volta a tentar. Escala montanhas sem medo das pedras que te aparecem no caminho, sobe árvores sem medo dos ramos que possam partir (se partirem remenda-os), nada sem medo das ondas e se elas aparecerem, passa por cima delas mas sem as magoar… Salta as barreiras que crias, destrói os muros que estão à tua frente mas não atropeles ninguém, ajuda-as também a saltar. Se não auxilias, o teu coração que tanto sonha passa a tornar-se um objectivo mal concretizado, um pesadelo.
Ignora os que contigo gozam pelas tuas ideias parecerem loucas e os teus sonhos impossíveis. Não percas tempo a explicar-lhes se eles não te percebem e concretiza tudo o que desejas. Decide, faz opções e segue mais o teu coração do que o teu cérebro porque apesar da sabedoria ser maior, o coração sabe mais. Termina a tua vida sem pensar no que podias ter feito porque o passado não pode ser remendado, portanto fortalece e decide o presente e vive sem remorsos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Disfarce de um anjo
















Ai este anjo que é um diabo
Esta chama sempre acesa
Que queima o cérebro,
Que aquece o coração
E que desejava que fosse apagada…

Este anjo...
Que me ofereceu o maior tesouro
Que eu não desejava…
E dificilmente partilhava

Este diabo!
Que caiu repentino sobre a minha alma
E que se foi embora sem satisfação alguma
Deixando-me abandonado no Pensamento
Nesta vasta floresta…
Onde me encontro perdido e as escuras
Iluminado apenas pela chama que arde no coração

Chama indesejada!
A mais difícil de ser apagada
Quanto mais água se despeja
Mais viva e intensa ela arde...

Que Malvado disfarce deste anjo
Deu-me o céu,
E transformou-o em inferno

Insignificância não insignificante















As coisas mais insignificantes, apesar de não nos parecer, são as que mais recordamos. O som de uma porta de um determinado lugar, o cheiro do eucalipto, o orvalho, a relva acabada de cortar, o cheiro do barro, a lareira da aldeia, o zumbido de uma abelha...
Serão essas coisas assim tão insignificantes?
De facto, não são. Pensamos que essas insignificâncias são secundárias e que se ignoram e esquecem. Mas não. Na verdade, só nos apercebemos dessas tais insignificâncias quando elas já não existem, quando delas temos saudades.
Há sabores, cheiros, sons… Coisas aparentemente desinteressantes que ao longo dos anos parecem mudar, mesmo que continuem iguais. Os gostos mudam, as pessoas crescem… A saudade do passado fica presente.
Ai! Aquela suave brisa que já não entra pela janela, o cão da vizinha que já não ladra nem chateia, os montes que já só têm silvas em lugar das flores, o xarope horrível que já não se toma, o perfume da avó…
Quando essas coisas insignificantes (mas não assim tanto) fogem nós apercebemo-nos que têm significância.
E este texto, que não tem significância, será recordado para quem percebeu que ela era insignificante.

Apresentação do blog


Boas!

Henrique Espinafre é o meu heterónimo(uma personagem criada). Provavelmente não irão gostar do que escrevo, porém, este blog é uma forma de entretenimento. Além disso, qualquer pessoa que tenha algo para partilhar consegue escrever boas coisas. Não será bem esse o meu caso porque muitos dos posts (ou todos) irão ter "sentimento artificial" ou imaginado. No entanto, espero que apreciem o blog e que sintam o sentimento como real. Critiquem!!!


Até ao próximo post!