quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Insignificância não insignificante















As coisas mais insignificantes, apesar de não nos parecer, são as que mais recordamos. O som de uma porta de um determinado lugar, o cheiro do eucalipto, o orvalho, a relva acabada de cortar, o cheiro do barro, a lareira da aldeia, o zumbido de uma abelha...
Serão essas coisas assim tão insignificantes?
De facto, não são. Pensamos que essas insignificâncias são secundárias e que se ignoram e esquecem. Mas não. Na verdade, só nos apercebemos dessas tais insignificâncias quando elas já não existem, quando delas temos saudades.
Há sabores, cheiros, sons… Coisas aparentemente desinteressantes que ao longo dos anos parecem mudar, mesmo que continuem iguais. Os gostos mudam, as pessoas crescem… A saudade do passado fica presente.
Ai! Aquela suave brisa que já não entra pela janela, o cão da vizinha que já não ladra nem chateia, os montes que já só têm silvas em lugar das flores, o xarope horrível que já não se toma, o perfume da avó…
Quando essas coisas insignificantes (mas não assim tanto) fogem nós apercebemo-nos que têm significância.
E este texto, que não tem significância, será recordado para quem percebeu que ela era insignificante.

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