domingo, 25 de abril de 2010

Porque é 25 de Abril...

















(Que azar.... O feriado tinha que calhar num Domingo! Aff...)

Conquista

"Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!"

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'

sábado, 24 de abril de 2010

Só para ouvir...

Adoro... As duas versões...




domingo, 18 de abril de 2010

Sem titúlo, pode ser?

Estou a tentar escrever uma história ("Fechar as portas"). Outra. Portanto irei publicar menos textos meus no blog. Deixo aqui um excerto...
























(...)

Com a visão fraca, como se os seus olhos fossem vidros embaciados, por ser de manhã, decidiu ir lavar a cara. Quando se olhou ao espelho, algo estava diferente… A sua cara estava a destorcer-se, rodando muito lentamente… Apoiou-se com uma mão no espelho pois sentia-se estranho e sem força. A sua mão branca começou enterrar-se como uma erva daninha, o espelho estava-se a derreter, tornando-se viscoso. Já sem saber onde se segurar caiu por onde agora não era uma parede, mas sim um grande buraco com azulejos derretidos a escorrer para o chão.(...)
Abriu os olhos com dificuldade e levantou-se calmamente. Estava tudo muito escuro quando, do nada, viu uma intensa luz aproximar-se e contemplou-a até ao ponto de perceber que era um comboio… Num segundo, ficou pálido e arregalou os olhos fechando-os feroz e rapidamente de seguida.
Reabriu os olhos cautelosamente. Estava tudo agora claro e vazio. O comboio não tivera produzido qualquer tipo de som e continuava no ar um silêncio desagradável. Estaria ele morto? Confuso, olhou para o chão e em frente aos seus chinelos viu um comboio de corda… Era um passado brinquedo dele... Baixou-se, tocou-lhe e este esvaziou-se como se fosse um insuflável ou um balão. Não percebia o que se estava a passar. Morto não podia estar, pois sentia o seu coração bater aceleradamente, estaria então a sonhar? Sempre tivera sonhos muito esquisitos e sem sentido e este poderia muito bem ser um desses. Suspirou. Depois de o fazer, o comboio voltou a encher-se, cresceu e tornou-se, pelo menos aparentemente, real.
Entrou no grande comboio de corda. Era muito espaçoso mas só tinha duas cadeiras. Tentou-se sentar numa delas mas esta pareceu empurrá-lo. Atrapalhado, sentou-se na outra que não o rejeitou. Pela janela, ligeiramente embaciada, distinguia vultos pretos em pequenas gôndolas em cima de altas arvores… Que sentido teria aquilo? Ele não sabia, mas pelo menos ganhara a certeza de que estava a sonhar.
O comboio parou silenciosamente. Levantou-se da cadeira e tentou abrir a porta do comboio. Esta, mal ele lhe tocou, dissolveu-se no ar.

(...)

domingo, 11 de abril de 2010

Construção do caminho

















Amo o meu caminho
Porque com vontade o percorro
E por isso amo a vida
E por isso temo a morte

Já corri
Já tropecei
Já caí
Já chorei
Já me levantei
Já errei

Tentei descobrir a luz
Por medo à escuridão
E quando a encontrava
(E com ela me fascinava)
A noite caía
E deitado no chão
Gritava e chorava
Desesperado,
Naquela triste solidão

Com as lágrimas nos olhos
Inutilmente derramadas
Levantava-me
E corria à procura
Das belas flores
Dos doces frutos
Dos melodiosos sons
Tão ingénuo que só isso via…

Tentei alcançar as flores
A alegria das suas cores
Mas entre elas havia espinhos
Que me cravaram a carne.
Derramaram-se várias gotas
Vermelhas e incolores
Descobri então as silvas entre as flores
Piquei-me, tropecei e quase caí

Tentei colher frutos
Onde não havia obstáculos
Comecei a ouvir vozes
Melodiosas vozes
Segui-as e caí
Caí no pecado

Chorei,
Berrei,
Com mais força que nunca
E na manhã seguinte levantei-me
E errei novamente
Desnecessariamente
Baixei a cabeça
Mas não aprendi…

Rastejei
Andei perdido
Magoei seres inocentes
Queimei-os com a minha raiva
E culpei-os dos meus fracassos

Abri os olhos
Quando o sol abriu os seus
Chorei
Levantei-me e dei a mão
Em sinal de perdão
Àqueles que magoei

Deixei que o tempo diluísse tudo
As palavras frias,
Os olhares ferozes,
Os gestos violentos…

Depois de sarar as feridas
Caminhei em frente
Deixei de colher flores
De me interessar pelos frutos
Ignorei as vozes
Apreciei os sons
E não temi mais a escuridão
Agora só temo a morte

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Só para ouvir...

Como não posto nada há muito tempo e continuo sem assunto para escrever, decidi pôr uma música.